Chegamos a Évora, do Alto Alentejo esta é uma das cidades portuguesa mais antigas, sua história recua mais de dois milênios, passamos pela Porta de Avis a mais antiga entrada das muralhas medievais e diz a lenda que Évora teria sido sede do general romano Sertório, que junto com os lusitanos teria enfrentado o poder de Roma. E aqui estamos, para explorar e sentir de perto tudo que Évora tem para oferecer. Não podia ser diferente, o local escolhido para visitar entre todos foi o Templo de Diana, um templo de estilo coríntio, construído no início do século I, d.C., dizem que este monumento é uma prova da forte presença dos deuses e deusas pagãos. Imaginem que aqui a mais famosa bruxa pagã viveu, a bruxa de Évora como era conhecida. Isso tudo mexeu comigo e começamos a percorrer a cidade, uma cidade medieval bem preservada que onde podemos encontrar muralhas, vários palácios e este fantástico templo romano. Chegamos, parei, para contemplar, e me perguntei: O que se passou por onde estou agora andando? Quantas dores, vidas, conquistas, vitórias. Olhei as escadas em ruínas e me vi subindo cada uma lentamente, usando um vestido com um tecido leve, claro, como se quisesse deixar cada raio de sol passar por ele tocando de leve minha pele, meus passos firmes me levaram ao centro do templo e diante do astro maior, o sol, fiz meu juramento:
"Deste dia em diante nenhum homem me prenderá, estarei com ele por ser livre e por amor, deste dia em diante juro que nunca mais serei conhecida pelo nome de qualquer homem, somente terei o nome de outro após o do meu pai se assim eu quiser, só devo fidelidade as leis divinas e ao meus sentimentos, o amor, e todos os que amo que apelarem a mim saberão que não será em vão. Juro ser amor e feliz e deixar transparecer esse sentimento por onde eu for, e que a paz esteja sempre comigo!”
De repente ouvi uma voz dizendo: Sorria! Olha o passarinho! (risos) Voltei! Era meu amor tirando uma foto, dei uma gargalhada, pensei, como o pensamento voa e voa como a cantiga que aprendi quando criança. “A minha casa fica lá de traz do mundo; onde eu vou em um segundo quando começo a cantar; o pensamento parece uma coisa à toa mas como é que a gente voa quando começa a pensar…” (risos) Que gostoso é viajar no tempo, recordar, fantasiar, doces momentos, doces lembranças. Quando ele se aproximou, perguntou: Gostou? Respondi: Se gostei? estava com a Deusa Diana. Ele rindo me pegou pelas mãos e disse: Você é mesmo uma menina sonhadora, que tanto adoro!
Continuamos, chegamos em uma rua e resolvemos almoçar na Albergaria do Calvário, fica dentro das muralhas, um lindo casarão e serviam deliciosos sanduíches, comemos acompanhado do vinho alentejano. Permanecemos um tempo ali apreciando as instalações confortáveis, sentimo-nos muito acolhidos e bem vindos. O sol estava quente, podíamos ver turistas, grupos de todos os lugares e suas máquinas fotográficas. Seguimos para Igreja de São Francisco, na Praça 1º de Maio., tínhamos um convite "Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos", (risos) era uma capela construída no século XVII por iniciativa de três monges com a intenção de transmitir a mensagem da transitoriedade da vida, nas suas paredes e os oito pilares tudo decorados com ossos e crânios, passei pela porta arrepiada, a frase acima esta gravada na entrada, entramos, dentro havia este poema sobre as caveiras.
“As caveiras descarnadas;
São a minha companhia,
Trago-as de noite e de dia
Na memória retratadas
Muitas foram respeitadas
No mundo por seus talentos,
E outros vãos ornamentos,
Que serviram à vaidade,
E talvez…na eternidade
Sejam causa de seus tormentos.
A sensação não foi agradável, acreditem, sai correndo, fiquei na praça comendo uma deliciosa paçoca. Enquanto esperava fiquei observando os passantes, o jeito de vestir, os costumes, pequei minha máquina e fui fotografando o cotidiano, estava ansiosa para seguirmos. Enfim, ele saiu da capela, ria, achando engraçado por eu ter saído correndo de lá como uma menina assustada. Seguimos rindo, e comentando sobre a capela. Perguntamos a um comerciante como teríamos que fazer para chegar a praça da Fonte das Portas de Moura, o senhor indicou e caminhamos até a praça, ela tinha um certo encanto sem falar do belo monumento em mármore, construído no séc XVI, chamava a atenção pela graciosidade da estrutura com uma gigantesca esfera equilibrada sobre a base, curtimos um pouco e continuamos.
Estava cansada, mas a visita ao Palácio de Dom Manuel já estava na programação. Ufa! Vamos? Olhamos um para o outro, estávamos cansados a tarde chegava com uma brisa mais fresca, voltamos para o carro, tínhamos que buscar um alojamento. No carro uma música suave, ele buscou minha mão, e apenas nos olhamos, tudo se dizia apenas com o olhar. Relaxei um pouco, olhei as paisagens da região, com montes e vales cobertos de grandes olivais e vinhas, tão repousantes e harmoniosos. O clima, agradável, seco e quente, trazia também o cheiro de queimado, grandes incêndios acontecem e são muito perigosos, encontramos grandes áreas sendo destruídas e por mais que lutem é muito difícil controlar com o vento mudando a cada instante. Continuamos a viagem ate encontrar nosso alojamento, uma casa antiga que atendia com serviço de hospedagem.
Foi uma noite para descansar e recuperar as forças. E disse baixinho cansada, boa noite amor, e ele me abraçou respondendo: Boa noite querida.
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